Joana Ribeiro

Joana Ribeiro

Entrevista por Filipa Dornellas

Fotografia Frederico Martins

Styling Cláudia Barros

São amigas do género não se sabe onde começa uma e termina a outra, embora Joana seja mais coração e Filipa razão. Ainda se riem à desgarrada das piadas que mais nenhum colega do liceu percebia e não é como se tivessem ficado por aí porque continuam a insistir em fazer parte da vida uma da outra, mesmo depois de uma briga sem explicação ou quando a Pipa não atende os ininterruptos telefonemas de Joana em Facetime. Hoje sentam-se à mesa da casa da atriz com um bolo de chocolate a dividir, tal como dividem tudo, as inseguranças, as conquistas e as piadas, claro. A Joana, Filipa gaba-lhe a hipergenerosidade, já a amiga gostava de lhe entrar pela cabeça adentro. Encontram-se na estranheza.

FD – Lembras-te de um trabalho que fizemos no 11º ano para a área de projeto. Decidimos fazer um filme pseudoartístico, valeu-nos um 20. Lembras-te disto?


JR –
Lembro, a melhor nota da turma.


FD – Repetimos cinco vezes uma cena, onde tinhas de fazer uma performance a cantar o Don’t Stop Me Now, dos Queen enquanto te esfregavas no chão e a nas paredes. Lembro-me de pensar ‘bolas, ela é mesmo dramática’. Sinto que o teu feitio nasceu para a representação, tu não?


JR –
Sim, talvez, acho que sempre fui muito dramática. Desde os meus pais até às minhas amigas sempre houve essa ideia de que era uma pessoa muito dramática, para o bom e para o mau.


FD – Eu senti isso. Olhando para trás, podias ter sido outras coisas, mas isto ia sempre primeiro.


JR –
Acho que tenho uma pré disposição. Até por causa de coisas que aconteceram na minha vida, que era o que falávamos no outro dia: filha de pais separados, duas casas, uma educação muito diferente entre os dois pais, ir para uma escola onde te identificas com pessoas mas não assim tanto e vais-te adaptando e então vais descobrindo que consegues ser pessoas diferentes com grupos diferentes. Isso era uma coisa que me fazia imensa confusão, mas depois fui percebendo que para o trabalho que quero fazer, ser atriz, me deu uma bagagem gigante, que é realmente conseguires adaptar-te tanto ao grupo de pessoas com que estás que quase te tornas naquilo. E não quer dizer que tu não sejas aquelas coisas todas - tu és! - mas vais puxando cada bocado de ti, porque nós, no fundo, queremos todos pertencer a algum lado, não é?


FD – Mas aí já sabias que querias ser atriz, não?


JR –
Aqui, não. Queria arquitetura. Os meus pais não viam cinema português, eu não vinha de uma família que via cinema português, os meus amigos não veem cinema português, não é algo que estivesse presente na minha vida enquanto eu estava a crescer. Para mim ser atriz em Portugal significava fazer novelas e eu não queria fazer novelas, era muito snob em relação a isso. E no entanto sinto que nos três anos em trabalhei em novelas aprendi tanto e é uma terapia de choque. Senti muito agora nos últimos trabalhos que tive que se eu não tivesse o treino das novelas, eu não sei se me teria safado.
Por exemplo, quando fazemos teatro, envolve uma preparação muito diferente, são meses para uma peça que tem um início, meio e fim. Em novela estás a preparar uma coisa que não sabes como vai acabar. Durante um ano todos os dias filmas umas 30 cenas. É uma ginástica emocional, de trocar emoções, constante. E isso permitiu-me agora nestes últimos trabalhos conseguir gerir como é que fazia. Eu via atores ‘epa 7 cenas por dia’ e eu [risos]
E depois lá fora também há muito aquela coisa das divas, tens uma pessoa para a maquilhagem, uma pessoa a fazer cabelos, um assistente... É muito fácil as pessoas perderem-se no meio daquilo e de repente acharem que são mais do que aquilo que são. Acho que todos os atores deviam ter um quase um treino de vir para Portugal fazer uma novela.


FD – Mas tu tiveste algum momento específico? Em que tenhas dito ‘eu sou atriz’. Para nós foi uma surpresa, tu do nada teres sido. Não que agora não faça todo o sentido, porque de facto faz, mas foi uma surpresa. Estiveste em ciências, mudaste para artes, queria ser arquiteta, há aqui uma polivalência enorme como pessoa. Alguma vez tiveste um momento, até mesmo depois de uma self tape, que tenhas dito ‘sou atriz ou não’ e porquê?

JR –
Até há dois anos quando tinha de preencher fichas de inscrição ou assim eu escrevia que era estudante, sempre. Há muito aquela coisa dos atores têm que estudar e têm que estar teatro e fazer os três anos de Conservatório e é uma coisa com a qual eu lutei muito nos primeiros anos. Ainda há um certo estigma sobre quem começa em novelas e que eu acho que é completamente errado, porque talento é talento e trabalho é trabalho. Acho que ser ator é uma junção de fatores.
Mas acho que ainda não houve assim um momento ‘eu sou atriz.’
Para mim ser atriz é uma constante aprendizagem, mais relacionada com aquela coisa que estamos a falar do estar interessado, interessado em como é que o ser humano funciona. E isso é mais do que só ser atriz. É curiosidade constante pelo ser humano. Quem me disse isso foi a Maria João Luís, ‘ser ator é ser o espelho das pessoas que nos vão ver’. E é verdade: atores servem para isso, nós somos o espelho do público. Eu vou ao cinema ver um filme e eu conheço mais sobre mim própria e levanto questões sobre a humanidade por causa das personagens. Quando alguém diz que se identificou com uma personagem minha é uma felicidade tão grande. É a sensação de tocar alguém. E basta só uma pessoa.


FD – Tu acabaste de definir a tua profissão, por isso sentes que fazes isso?


JR –
Tenho sentido mais recentemente. Eu encontro partes de mim e partes minhas em todas as personagens que faço. Tal como ganho coisas novas também, e isso é das coisas que eu mais gosto do meu trabalho e realmente sinto que há uma Joana antes e depois de cada personagem.
Recentemente tenho sentido mais isso. Por exemplo, quando tenho uma personagem que não fala português.

Joana Ribeiro

Dress     Nuno Baltazar
Shoes    Nuno Baltazar, by Perlato

FD – Quando sais da tua zona de conforto.


JR –
Eu acho que o primeiro projeto onde eu senti isso foi o filme do Terry Gilliam [O Homem que matou Dom Quixote] Acho que foi o primeiro projeto em que eu pensei, ‘OK não sou eu’. Estava loura, a falar inglês.


FD – Tu és minha amiga. Eu tenho uma dificuldade enorme para separar a Joana atriz  da amiga. Eu esqueço-me sempre porque é que as pessoas olham para ti na rua. E em muitos papéis tenho dificuldade em ver que estás a representar. Das primeiras vezes que senti isso foi nesse filme. Porque estás a contracenar, lado a lado com o Adam Driver, Olga Kurylenko, Jonathan Pryce, é um elenco de luxo e eu esqueci-me que eras tu.  Tu ainda sentes isso? Tipo, estas pessoas não existem? Ou para ti, como és atriz, não há atores que são atores, são pessoas que têm uma profissão de ator?


 JR –
Se fores arquiteto, há arquitetos que se um dia conheceres ficas ‘wow’. Eu não sinto isso com todos os atores, mas com alguns. Lembro-me de conhecer o Adam Driver, tinha uma meia na cabeça porque estava a experimentar uma peruca, e com um aparelho falso nos dentes, e o Terry aparece ‘Joana, tens de conhecer esta pessoa, acho que se vão adorar’ e era o Adam. E eu tipo ‘Hiii’ [risos] Foi horrível. Eu tinha idealizado que o ia conhecer loira, incrível. O Terry sabia e então fez-me isso.


FD – Foi o teu projeto mais desafiante até à data? Pode não ter sido o mais desafiante, mas por teres tantas pessoas conhecidas à volta, que já deram tantas cartas na representação, se isso o tornou mais desafiante?


JR –
Eu tinha 25 anos, tinha feito um filme antes desse, só tinha feito novelas e tinha feito a série Madre Paula que acabei nem uma semana antes de começar o filme do Terry. Portanto, estava exausta, tinha acabado de fazer uma série de época super complicada e exigente. Não tinha tido quase ensaios porque não tinha tido tempo. Estava num país diferente a trabalhar pela primeira vez numa língua diferente, com um sotaque. E a produção do filme em si foi bastante atribulada. Portanto, tudo isto fez com que fosse o projeto mais difícil que eu fiz até agora. O que fiz agora, se calhar, até pode ser mais difícil noutras partes, mas eu enquanto mulher, enquanto atriz, sou mais madura, portanto, já me consigo adaptar e proteger em certas situações.


FD – Tens feito mais projetos internacionais. Sempre senti um bocadinho que quando projetas os teus sonhos, os projetas lá para fora. Oque é que falta - ou se não se calhar não falta nada – cá?


JR –
Eu projeto lá para fora por haver mais oportunidades. Acho que o que fazemos cá é incrível, há filmes portugueses espetaculares e realizadores portugueses com quem eu adorava trabalhar, mas há realmente muito pouca oferta. Há pouca procura do público português, há muita procura dos atores portugueses, que são muito bons também, mas depois num país onde se fazem se calhar 10 filmes por ano, é muito difícil todos os atores trabalharem em cinema. Se calhar, num ano, não há filmes com personagens para mim. Portanto, se eu quero continuar a fazer isto e continuar a sentir-me desafiada por este trabalho, o projetar lá para fora é algo que me permite ter mais opções. Não acho que talento seja o que nos falta. Acho que nos falta investimento e falta de interesse por parte do público.


FD – Nós não temos uma cultura de cinema.


JR
Somos muito pouco patriotas nesse aspeto. Eu lembro-me de estar na escola e não ter uma aula a ver filmes portugueses.


FD – É um bocado aquela coisa da galinha da vizinha é sempre melhor. E que não tem a ver com talento. É aquela coisa de quando alguém vai lá para fora então é a pessoa que vai ter mais sucesso.


JR –
Há atores geniais que fizeram filmes geniais e nunca foram para fora porque não quiseram. O ir para fora, não é sinónimo de se fazer coisas melhores. Faz-se muita porcaria lá fora também. [risos]
Se tivesse de escolher entre fazer um projeto em Portugal ótimo e um projeto lá fora menos bom, mas que me pagassem muito melhor, preferia 1000 vezes fazer um projeto em Portugal. Pagaria menos mas artisticamente iria preencher-me muito mais. Ter trabalhado com o Terry abriu-me portas cá em Portugal. Lá fora, eu lembro-me de falar com casting diretors e realizadores e de dizer ‘é que eu nunca estudei’ e eles ‘mas não precisas, tu começaste a trabalhar, trabalhar é estudar’.


FD – Ainda há um bocadinho esta coisa académica, não é?


JR –
Sim, e eu percebo. Eu adorava ter estudado, adorava, acho que me ia ter dado uma bagagem, nem que fosse para quando me sinto mais insegura pensar ‘Calma aí eu estudei’ está aqui dito que fiz o curso.


FD – É um trabalho que admiro e que acho que as pessoas devem ter que ter os pés assentes na Terra. Não só porque está muito à volta da imagem, como mesmo o criar amizades pode ser difícil quando as pessoas estão na mesma área a batalhar pelo mesmo papel. E tu fazeres grandes e grandes projetos alimenta também uma expectativa e eu sei que tu geres um bocadinho mal a expectativa porque és hiper trabalhadora e tens alguma insegurança no sentido de que queres sempre provar ainda mais. Tens sentido ao longo do tempo que tens melhores armas para combater isso?


JR –
É algo que vai sempre pesar e assusta-me falar com atores mais experientes que eu que me dizem ‘vai durar para sempre e só fica pior’ [risos] O que me custa mais não é tanto a minha expectativa, porque acho que a consigo gerir, mas a dos outros. Lembro-me que, por exemplo, na altura do filme do Terry eu estava em pânico que as pessoas soubessem que eu estava a fazer o filme, porque automaticamente põem uma expectativa em ti. Isso é o que me assusta mas ainda outro dia estávamos a falar disto, ‘a arte existe para ser vista’


FD – Pressupõe um público.


JR –
Mas ao mesmo tempo, o que eu gosto mais do meu trabalho é a parte em que eu estou sozinha com a personagem. Porque sou só eu e a personagem, e é como conheceres um amigo estás tipo, ‘estou a gostar imenso de conhecer este amigo apetece-me ficar sozinha com ele’.


FD – A tua profissão é fazer constantemente de outra pessoa, tu fazes da vida ser outras pessoas e não é fácil perderes um bocado da identidade -  ou pelo contrário? Onde é que tu te agarras?


JR –
É o que mais gozo me dá, mas também vem de um lado de estares em constante procura daquilo que tu és. Ainda no dia estive a entrevistar uma colega e foi dos momentos mais desconfortáveis, porque eu sinto-me super à vontade em frente à câmara, mas quando existe uma personagem que me ‘defende’. Quando isso deixa de existir tenho que ser eu. É assustador, porque lá está, há também parte de um lado de eu não saber exatamente quem é que eu sou?


FD – Eu acho que todos nós procuramos, ninguém sabe quem é, mas eu noto que tu tens uma curiosidade enorme até mesmo de autoconhecimento, ‘porque é que eu reajo assim, quem é a Joana Perante esta situação?’ É fixe estares a dizer que isso também vem de uma insegura tua. É giro teres transformado isso numa arma que usas para teres um talento inacreditável.


JR –
É mesmo das coisas que mais me fascina nisso, porque eu nunca vou saber tudo o que há para saber sobre o ser humano e sobre mim. Há sempre coisas novas que tu descobres com as personagens também. Tu podes-te perder numa personagem, mas há sempre coisas que são tuas. A forma como tu vês uma personagem, como tu ‘atacas’ uma personagem à partida vem muito daquilo que tu és enquanto pessoa.


FD – Eu adora ver-te de vilã, mas aquela vilã meia maluca aquela. Bellatrix, estás a ver? Com uma taradice [risos] Não o facto de seres vilã, até porque és uma excelente pessoa, mas a parte de maluca. Tens uns olhos super expressivos. Não sei, diz-me um papel que darias tudo para já ter feito.


JR –
Há muitas personagens que eu adorava encarnar. Gena Rowlands em A Woman Under the Influence, Isabelle Huppert em La Pianiste. Pela construção da personagem, por serem mulheres que desafiam a norma. De se calhar terem comportamentos que associas a homens. E ao mesmo tempo uma fragilidade que eu acho isso incrível na mulher. Às vezes é um bocado menosprezada a fragilidade, mas eu acho que das coisas mais incríveis que existe e ter essa predisposição para ser  frágil e mostrar fragilidade é dos sinais de maior coragem que existe.
Adorava fazer um filme tipo Apocalipse Now mas com mulheres. Há ali um lado de viver no limite.


FD – Não pensar nas consequências. No dia em que não nos tivermos de justificar vamos sentir o que é ser um homem.


JR –
O Joker... Eu não gostei do Joker. Porque achei que havia uma grande necessidade de justificar, porque é que ele era mau. Ele é só mau. Ele pratica a maldade aleatoriamente e é um agente do caos.


FD – Estavas a falar dos processos criativos, do que é fazer várias personagens e o gozo que te dá. Mas e o que é que te aflige? Acho que quanto mais confortável estás mais facilmente sais das coisas. Tens sempre de ser desafiada.


JR –
Eu gosto do facto de esta profissão ser um desafio constante, que é o que me aflige também. Adorava que isto fosse fácil. Eu acordava e diziam-me ‘tens estes três guiões de realizadores conceituados e todos querem trabalhar contigo e vais conseguir fazer todos ao mesmo tempo’. Eu sonho com isso, mas ao mesmo tempo sei que ia ficar hmm... Eu sou mais agente do caos também. Estou constantemente a desafios e arranjar dificuldades para mim própria.


FD – Desafiaste muito.


JR –
É sempre balançado. Agora no Glória, eu estava a falar com o Tiago Guedes, realizador, e estamos a falar sobre a personagem e facto de ela ser polaca, se fazia sentido ter sotaque. E ele disse ‘olha nenhum dos atores vai ter sotaque, a não ser os que são realmente do país e o Albano, mas se quiseres e se achares que faz sentido, trabalhamos nisso, mas também se não quiseres, não tem mal’. E eu decidi que queria ter sotaque. Porque a mim isso não só acrescentou trabalho, como também uma camada à personagem.


FD – Estás a falar de algo que acho fascinante, a tua preparação de tudo. E há algo que acho também fascinante que é a self tape: como é que em 1 minuto alguém consegue escolher uma ator? E por isso gostava de te perguntar, se tivesses de fazer uma self-tape em que te representasses a ti mesma, o que é que fazias ou dizias?


JR –
A parte mais difícil para mim é quando tens de dizer o teu nome, altura, de onde és. A parte que mais odeio. Sou capaz de fazer uma self tape em 5 minutos, essa parte eu faço 10 vezes [risos] A coisa mais odeio é perguntarem-me ‘fala sobre ti’.


FD – [risos] Pronto então ias fazer exatamente isto.


JR –
Eu prefiro que me digam para encarar algo. Por exemplo, nesta sessão para a Solo encarei a diva no hotel.


FD – Mas tem graça porque isso também és tu. Tu danças assim quando estás comigo. Mas parece que precisas dessa bengala de, ‘vou meter ai outra Joana’.


JR –
Eu acho que chorava. E ria ao mesmo tempo.


FD – Ias ser várias pessoas numa self Tape.


JR –
É engraçado porque a self-tape em que sinto que fui mais eu própria fui para o Glória. Quando estamos a fazer a preparação, o Tiago Nunes deu-me um resumo da personagem. Final da década 60, guerra fria, Portugal, personagem que vive numa aldeia, que se  apaixona, que nunca foi a Lisboa. E eu fiz algo que fazia muito quando estávamos chateadas, que era eu imaginava discussões em frente ao espelho. Ainda hoje faço isso. Sempre que tenho uma conversa importante para ter com alguém eu treino sozinha. Lembrei-me que fiz isso quando estava a fazer a self tape. Pus um espelho, o telemóvel aqui, e era um plano sequência estático em que me vias a mim a ver o espelho. E cheguei, comecei a dançar uma música que falava de liberdade e falava de liberdade de pensamento, pus um batom vermelho e depois imaginei como se estivesse a falar com ele. A meio do take dou um beijo no espelho e começo a limpar o batom e começo a ver o meu reflexo e a pensar que isto não sou eu, não está a acontecer, é uma desilusão. E aconteceu de forma super natural porque eu sempre fiz isto e é uma coisa que achei que esta miúda também faria.

Joana Ribeiro 1

Blouse and skirt      Diogo Miranda
Shoes                         Auprés

Joana Ribeiro 10

Dress     Nuno Baltazar
Shoes    Nuno Baltazar, by Perlato

Joana Ribeiro 11

Dress     Nuno Baltazar
Shoes    Nuno Baltazar, by Perlato

Joana Ribeiro 12

Jacket         Béhen
Trousers     Ricardo Preto
Shoes          Luís Onofre

Joana Ribeiro 13

Dress    Gonçalo Peixoto

Joana Ribeiro 2

Dress      Buzina
Shoes     Josefinas

Joana Ribeiro 3

Dress      Ricardo Preto
Shoes     Luís Onofre

Joana Ribeiro 4

Dress      Ricardo Preto
Shoes     Luís Onofre

Joana Ribeiro 5

Suit         A-Line
Boots     Gladz

Joana Ribeiro 6

Suit         A-Line
Boots     Gladz

Joana Ribeiro 7

Dress     Amor de la Calle
Shoes     Josefinas

Joana Ribeiro 8

Blouse and trousers      Ricardo Preto
Shoes                                 Lemon Jelly

Joana Ribeiro 9

Blouse and skirt    Diogo Miranda
Shoes                       Auprés

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Moda

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RICARDO PRETO

Sommersault é o nome dado à coleção de primavera/verão 2022 do designer português que fala de emoções alta voltagem. Em que parte entra o rosa nesta equação? Veremos.

Silhuetas leves, materiais que permitem os movimentos corporais em pleno – a coleção de SS22 parece-me falar de uma liberdade palpável. De onde surgiu a mensagem desta coleção e de que forma este vestido encapsula o espírito do todo?


O conceito da coleção veio em resposta ao estado de espírito que globalmente temos vivido. Como um salto para o qual se treina arduamente e quando se conclui a libertação de energia que é gerada no corpo. Daí as cores pasteis que transmitem alegria e suavidade. Este vestido em particular incorpora essas emoções, alegria, suavidade, delicadeza e leveza.


Uma emoção ‘controlada’ pelos percursores da mudança – o hábito e disciplina – mas que ao mesmo tempo “corre em alta voltagem”. De que maneira os tons rosa e os lilases encaixam nesta definição equilibrada de liberdade?


O hábito e a disciplina vêm através do grupo de peças preto e branco, fáceis de combinar e de neutralizar um esforço. Os pasteis entram depois da euforia depois da alta voltagem. São a sensação que fica de contentamento e harmonia, do afinal “deu tudo certo”!


Punk, delicado, high, low, o cor de rosa é um dos tons com significados mais contraditórios. Qual a relação do cor-de-rosa com as criações Ricardo Preto e qual o interesse que vê neste tom?


Todos somos contraditórios de muitas formas, nas nossas escolhas, decisões, emoções e isso traduz-se na expressão através da roupa das cores das texturas. Como criador as cores atraem-me sempre, a minha mãe sempre teve roseiras e planta todos os anos, talvez venha da minha infância as cores das rosas da minha mãe.


︎ RICARDO PRETO website

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Lugar

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Pateira de Fermentelos

A neblina a pairar sobre as águas calmas da lagoa. O silêncio da noite quebrado pelos saltos dos peixes. As patas que ensinam os primeiros mergulhos da ninhada na piscina exterior do hotel (sim, daí o nome). Há pormenores que são tudo quando o assunto é viver mais de experiências do que de luxos, há locais que nos transportam no tempo na mesma medida que nos levam além. E se há lugar que o GPS nos levaria se preenchemos estes requisitos (com um q de reserva de realeza só para aumentar o interesse), este seria – e foi - a Pateira.

Nos últimos anos a vossa relação com o universo da moda tem vindo a desenvolver-se e algumas marcas e revistas têm utilizado o vosso espaço como cenário dos seus trabalhos. Quais as experiências mais incríveis que já viveram nestes trabalhos?

Consideramos que temos uma parceria muito interessante com a Snowberry, empresa com uma abordagem aos parceiros muito simples e genuína, que pela empatia e confiança que surgiu a partir do 1º trabalho, tudo flui sem qualquer stress.

Olhamos para os clientes da moda como criadores, artistas e dá-nos gozo participar nas suas criações. Para solicitações mais ou menos extravagantes estamos disponíveis para satisfazer o cliente. Sempre que possível procuramos “ajudar”, criando condições no hotel, na envolvente ou interagindo com a comunidade para que a obra final seja única e bela. Assim, desta forma, o sucesso dos outros é o nosso sucesso …. Nas mais variadas formas de comunicar.

Não temos histórias “incríveis” com estes trabalhos, temos sim um grande respeito pelo trabalho que executam e pelo profissionalismo e amor que colocam no trabalho que desenvolvem. Pela experiência dos trabalhos desenvolvidos no Hotel, percebo as pessoas da moda muito focadas e concentradas a dar sempre o seu melhor e com grande capacidade de horas de trabalho para tudo ficar perfeito.

Porque sentem que o universo da moda tem interesse e curiosidade no vosso espaço?

1º - A envolvente natural do Hotel Estalagem da Pateira é única e consegue criar em diferentes horas do dia ambientes diferentes.

2º - A localização do Hotel como apoio aos trabalhos das equipas é excelente, aliando os nossos serviços de alojamento, refeições (mais ou menos elaboradas), coffee breaks (indoor e outdoor) com preços simpáticos.

3º - O interior do Hotel, comunica uma arquitetura e decoração dos anos 70/80 muito vincada em que as cores quentes e arrojadas se destacam nas paredes interiores de “chapisco” – que hoje não se fazem e são um toque de arquitetura da altura.

Que zonas da estalagem permanecem inalteradas? De onde surgiu a decisão de manter o espaço intacto tal como foi criado e em que espaços ou momentos sentem necessidade de cruzá-lo com a modernidade? Pode dar alguns exemplos de melhorias que tenham sido feitas ou adaptações aos tempos modernos?

O interior do Hotel, comunica uma arquitetura e decoração dos anos 70/80 muito vincada e que a direção do hotel tem orgulho em manter pois tem o feedback muito positivo de grande parte dos clientes e porque existem clientes que voltam para recordar infância, adolescência e juventude, recordando experiências positivas das suas vidas. O Hotel tem clientes novos em idade e frequência do espaço porque alguém mais velho “já aqui foi muito feliz” e este alguém hoje com 40, 50, e 70 anos tem memórias visuais extraordinárias da envolvente e dos pormenores dos espaços. O espaço que está completamente inalterado é a Discoteca do Hotel. Sentimos necessidade de cruzar com a modernidade as nossas salas de banquetes quando temos solicitações de eventos de casamento, batizados com decorações muito especificas em que os materiais solicitados são á base de vidros e cristais e decorações muito luxuosas. A última obra executada foi no r/c do Hotel – cafetaria e sala de P. Almoços onde deixámos que permanecesse o Chapisco em parte das paredes e uma lareira grande a dar ideia das grandes casas de campo. O mobiliário foi recuperado e todo usado no mesmo espaço, mudando apenas tons das paredes e tetos e disposição do balcão de serviço da cafetaria, modernizando o espaço e mantendo traços anteriores de forma a ligar este espaço ao restante espaço do hotel.

“Até a história se nota nas paredes” – é uma história que começou em 1962 e já viveu várias vidas dentro dela. Muitas pessoas se referem à Estalagem da Pateira como um lugar místico. O seu misticismo está envolto na sua história? Que momentos destaca dos mais de 60 anos da Pateira?

Não tenho dúvidas que este misticismo está envolto na sua história e na história de vida que cada um experienciou neste espaço, ou por um simples café que tomou no hotel ou uma boa refeição que provou no restaurante ou pelo amanhecer que presenciou, a contemplar a lagoa encantada e a ser mimado com os sorrisos de uma Equipa que faz questão de acolher com simpatia e disponibilidade as solicitações dos nossos hóspedes.

A imagem (atitude perante o trabalho, os colaboradores e o cliente, simpatia, empatia, resiliência) do Homem que criou o Hotel Estalagem da Pateira há 60 anos – Sr. Miguel é de tal maneira forte que se impregnou nas paredes do mesmo e na cultura da empresa. É isto que o cliente vem à procura …. Desta cultura empresarial.

Em que ano foi fundada a Estalagem, e como se tem mantido ao longo dos anos como uma das imagens mais icónicas da Pateira?

Foram estas 4 fases que constituíram o sucesso do que é hoje o Hotel Estalagem da Pateira;

Fase 1 – 15 de agosto de 1962 inauguração de um pequeno Restaurante na margem de Fermentelos

Fase 2 – 15 de agosto de 1974 – Findaram as obras de ampliação e em novembro de 1975 a funcionar com os 11 quartos e 3 suites, sala de restaurante e banquetes, bar e bar musical e ainda serviços extra portas, catering.

Fase 3 – ano de 1995 – início da ampliação do edifício.1997, novos serviços
O projeto da ampliação englobou mais 42 quartos e uma suite, piscina aquecida interior, piscinas exteriores, saunas, garagem e estacionamento privado, adega típica, sala de jogos, sala de reuniões e jardins envolventes.

Fase 4 – a partir do ano de 2018, ano 2020 e 2021- constantes remodelações em termos de arquitetura e decoração em espaços específicos do hotel, como restaurante, cafetaria, casas de banho comuns, piscinas, melhores acessibilidades, etc.

Joana Ribeiro

The Hotel Estalagem da Pateira is located in the center of Portugal, 9km of Águeda and 21km from the city of Aveiro, 70km from Coimbra and 50km from Oporto’s city – 5 minutes from the A1 outbound, south Aveiro.

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Equipa

Cabelos Rui Rocha with Kerástase products

Maquilhagem Patrícia Lima with Guerlain products

Assistentes de fotografia Pedro Sá, Márcio Duarte @ Lalaland Studios

Assistente de styling Patrícia Oliveira

Video Raul Sousa

Retouching José Paulo Reis @ Lalaland Studios

Produção Diogo Oliveira @ Lalaland Studios

Coordenação de location Snowberry Special thanks to Hotel Estalagem da Pateira

Texto Patrícia Domingues

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